sexta-feira, 24 de junho de 2016

EXPORTAÇÃO DE SOJA PELO NORTE DEVE CRESCER 130% EM 10 ANOS.



Os investimentos bilionários que estão sendo realizados pela iniciativa privada em instalações portuárias no chamado "Arco Norte" tendem a motivar um incremento da ordem de 16 milhões de toneladas das exportações brasileiras de soja em grão pelos principais portos das regiões Norte e Nordeste do país até 2025, de acordo com estudo recém-concluído pelo Rabobank.

Assinado por Renato Rasmussen e Victor Ikeda, analistas do braço brasileiro do banco de origem holandesa, o estudo leva em conta aportes em curso ou anunciados por companhias como ADM, Amaggi, Bunge, Cargill, Fiagril, Hidrovias do Brasil e Louis Dreyfus, entre outras, em portos como o de Manaus, no Amazonas, Santarém e Barcarena, no Pará, e Itaqui, no Maranhão.


Por esses portos, diz o trabalho, foram exportadas 12,6 milhões de toneladas de soja em 2015, e o volume poderá crescer quase 130% e chegar a 28,7 milhões em 2025. Pelas saídas tradicionais do Sudeste e Sul do país - Vitória (ES), Santos (SP), Paranaguá (PR), São Francisco do Sul (SC) e Rio Grande (RS) -, os analistas do Rabobank estimam que o aumento será de 1,9% na comparação, para 42,4 milhões de toneladas.

Rasmussen e Ikeda dizem que o potencial de expansão das exportações no Arco Norte reflete não apenas a conquista de parte das cargas que hoje deixam o Centro-Oeste rumo as Sudeste e ao Sul, por causa dos menores custos de transporte, mas também um esperado incremento da produção em áreas mais próximas dos portos que estão sendo expandidos, sobretudo no sudeste do Pará e no nordeste de Mato Grosso.

Essas regiões, estimam os analistas, concentrarão grande parte das conversões de pastagens degradadas em terras agricultáveis que deverão sustentar a continuidade da ampliação da produção nacional de grãos nas próximas décadas. Baseado em dados de clima, altitude, relevo e qualidade de solo, entre outras informações obtidas com a ajuda de fotos de satélites, o estudo do Rabobank exclui do "mapa da expansão" áreas de conservação ambiental e reservas indígenas e de quilombolas.

No país, dizem Rasmussen e Ikeda, cerca de 4 milhões de hectares deverão passar por essa conversão nos próximos cinco anos e passar a abrigar lavouras de soja no verão e, em larga medida, plantações de milho na segunda safra. Em uma década, serão 9 milhões ou 10 milhões de hectares. Apenas com isso - e sem considerar ganhos de produtividade oriundos de investimentos em tecnologias -, projetam, a produção brasileira de soja, que no ciclo 2015/16 chegou a 95,6 milhões de toneladas, poderá ficar 30 milhões de toneladas maior em dez anos.

"Esse aumento será fundamental para atender ao aumento da demanda pelo grão brasileiro no exterior. São crescentes as compras da Ásia como um todo, não apenas da China. A Índia, por exemplo, que atualmente exporta farelo de soja, em 15 anos não terá mais excedente e poderá passar a importar", afirma Rasmussen. Nesse cenário, reforça Ikeda, o contínuo processo de profissionalização dos produtores e a adoção, pelo governo, de políticas agrícolas mais modernas, também farão diferença.

Fonte: Valor Economico/Fernando Lopes | De São Paulo

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