quarta-feira, 29 de abril de 2015

Entrevistas

http://epocanegocios.globo.com/Inspiracao/Carreira/noticia/2015/04/onze-frases-inusitadas-ditas-em-entrevistas-de-emprego.html

SEGURADORAS ENFRENTAM AUMENTO DE SINISTROS E CONCORRÊNCIA ACIRRADA.

Fazer seguro de mercadorias em trânsito, uma medida que costumava ser um dos principais problemas no dia a dia de embarcadores e transportadores, agora se tornou um fato corriqueiro. A mudança se deve a três mudanças registradas nesse mercado: aumento da concorrência no segmento, com seguradoras de peso disputando os contratos; o gerenciamento de risco já é uma atividade praticamente consolidada na área; e a política de negociação em tempos de crise leva em conta o quesito fidelidade.

A perspectiva de crescimento do segmento de transporte descola do otimismo geral do mercado segurador, com projeções ainda na casa de dois dígitos. Isso porque o seguro de cargas está diretamente associado à economia. Se o consumo diminui, o volume de mercadoria embarcada é menor e, consequentemente, o valor do seguro, cobrado sobre o valor embarcado, cai. "A previsão é de um valor embarcado menor e pressão por redução de custos. A boa notícia é que temos novos competidores e apetite das grandes seguradoras pelo segmento ", afirma Eduardo Michelin, diretor de transportes e logística da Willis.

Em 2014, o seguro de transporte movimentou vendas de R$ 2,1 bilhões, avanço de apenas 3% em relação ao ano anterior, enquanto o mercado segurador como um todo cresceu 10%. O esforço dos executivos se concentra em manter os clientes e controlar a sinistralidade. O volume de indenizações pagas em 2013 consumiu 59% do valor arrecadado dos clientes. No ano passado, esse índice subiu para 75%. "E 2015 não vai ser diferente. Há uma grande pressão por redução da taxa do risco pelas grandes e médias empresas. É hora de investir no relacionamento e no gerenciamento de risco", ressalta Ricardo Guirao, da corretora Aon.

Segundo Rafael Rodrigues, diretor de multiprodutos e transportes da Allianz, a maior seguradora do segmento, acidentes representam 48% das perdas e roubo, 62%. Atravessamos um momento de ajustes, com investimentos em banho maria, inflação e taxa de juros em alta, desemprego avançando, crédito caro e desvalorização do real. "Produtos que antes não eram visados para roubo estão mais caros e, portanto, entram na lista de desejos das quadrilhas, o que aumenta o risco das seguradoras", explica Salvatore Junior, diretor de transportes e relacionamento da Argo Seguros.

Fabiano Rossetto, diretor comercial da Generali, a sétima maior do ramo, também está preocupado em manter a rentabilidade da carteira. "Temos enfrentado problemas como roubos, acidentes e perdas por problemas de infraestrutura deficitária e até mesmo por falta de acesso ao Porto de Santos, acarretando em atrasos logísticos e operacionais para usuários, lembrando que este não é um problema só de Santos. O gargalo portuário se repete em todo o país", afirma.

Para fechar no positivo diante de uma equação de vendas em baixa, sinistros em alta e forte concorrência, o segredo está na parceria, afirma Felipe Smith, diretor executivo de produtos pessoa jurídica da Tokio Marine.

A meta é crescer dois dígitos neste ano. No primeiro trimestre a meta foi cumprida, com o avanço de 10%, estimulado, principalmente, pelo transporte internacional, que gera maior valor de prêmio em razão da alta do dólar. "Nossa filosofia é ser uma seguradora parceira e não apenas emitir apólice e pagar sinistro. Atuamos junto com o cliente, mesmo os ligados a cargas visadas, em medidas para melhorar o risco com ações simples, mas que geram valor a todos", disse o diretor da quarta maior seguradora em transporte.

Todos concordam que mesmo com esse cenário mais perturbador, os preços seguem com viés de baixa. Além do forte apetite das seguradoras localmente, há farta capacidade de resseguro no mercado mundial para transportes.

O estudo "Safety & Shipping", da Allianz Global Corporate & Specialty (AGCS), que analisa as perdas no setor de transporte marítimo em cargas acima de 100 toneladas brutas, mostra tendência de perdas em queda. Em 2014, apenas 75 ocorrências foram reportadas pelo mundo, tornando esse ano o mais seguro para o setor em comparação aos últimos 10 anos. As perdas diminuíram 32% comparadas ao ano anterior, o que é bem abaixo da média dos últimos 10 anos, quando foram registradas 127 ocorrências.