Já pensou se no lugar do Porto de Salvador, no Comércio, em vez daqueles armazéns de carga houvesse uma grande área de lazer, com espaço para caminhada à beira mar, bares, restaurantes, embarque e desembarque de grandes cruzeiros e barcos e lanchas fazendo passeios diários pela Baía de Todos os Santos?
Se você gosta da ideia, torça para dar certo. Esse é o projeto idealizado pelo secretário de Desenvolvimento, Turismo e Cultura de Salvador, Guilherme Bellintani. Só que, para virar realidade, precisa também do aval dos governos federal e do estado.
O secretário sabe que a proposta é polêmica e que vai ter quem bata pé firme em defesa do porto, sob alegação de que ele é fundamental para o desenvolvimento econômico. No entanto, para os opositores, ele tem um bom argumento: as operações realizadas no Porto de Salvador em 2013 representaram uma receita líquida de R$ 140 milhões.
O secretário de Turismo defende saída dos armazéns e criação de grande área de lazer na Baía de Todos os Santos (Foto: Marina Silva/Arquivo Correio)
“É muito pouco para o espaço que ocupa e para o tanto que atrapalha. Salvador lucra R$ 1,2 bilhão só com o Carnaval. É desproporcionalmente absurdo. Alguém precisa enfrentar isso. É fundamental sair dali”, informa o secretário, destacando que a Baía de Todos os Santos é bem extensa e que o porto poderia funcionar em outro lugar.
O uso do porto como equipamento turístico já é adotado por grandes capitais no mundo inteiro, desde a vizinha Argentina, que transformou a área do Puerto Madero em um polo gastronômico, a Barcelona, que destinou a área ao entretenimento, com direito a shopping, bares, restaurantes e boate.
Cidades brasileiras como Belém, Rio de Janeiro e Recife também já colocaram a ideia em prática.
“É preciso transformar aquela área em um grande centro, um grande polo turístico. Chega a ser até uma agressão aos soteropolitanos e turistas passar e ver aqueles armazéns fechados, atrapalhando a vista. Quem tem uma Baía de Todos os Santos com o potencial que ela tem e não explora está cometendo um crime”, diz Bellintani, acrescentando que uma intervenção naquela área repercutiria em todo o Centro Histórico e também na Cidade Baixa.
Por enquanto, não há nada de concreto no sentido de transformar a área ocupada hoje pelo porto em um grande polo turístico, mas Bellintani diz que o novo Plano de Desenvolvimento Urbano de Salvador (PDDU) vai colocar bem claramente na pauta o que quer para aquela região da cidade.
“Tem que ser para a promoção do desenvolvimento e não uma grande bolha, sem movimento no entorno”, ressalta.
Centro Histórico
Outra área da cidade que requer atenção, segundo o secretário, é o Centro Histórico. Ele diz que todas as grandes cidades do mundo que querem ser bem tratadas e respeitadas pelos turistas valoriza o seu Centro Histórico. E Salvador não pode ser diferente. Mas é necessário que o poder público entre em ação.
“É preciso transformar o Centro Histórico em algo normal na vida do cidadão. Tem que ter vida no Centro Histórico. A prefeitura reconhece isso e vai passar a agir nesse sentido. A responsabilidade é compartilhada. Tem o governo federal, através do Iphan, o governo do estado e o município”, sugere, acrescentando que a iniciativa não pode partir só da iniciativa privada porque, do ponto de vista econômico, é mais barato e mais rápido para os empresários construir fora a investir no local.
Representante da OMT aponta desafios do turismo
A presidente do Polo Iguassu e representante da Organização Mundial de Turismo (OMT), Fernanda Fedrigo, apresentou o exemplo da região trinacional do Iguassu, na fronteira entre Brasil, Argentina e Paraguai. No território brasileiro, a cidade de Foz do Iguaçu recebe mais de 4 milhões de turistas ao ano.
“Mas essa é uma conta meia-boca, porque, de fato, a gente não sabe quantos turistas vão lá”, disparou. Para ela, a falta de dados que mensurem o turismo brasileiro é um dos maiores problemas.
“No Brasil, a gente levanta os dados, mas não cruza e aí não sabemos a melhor forma de empacotar o nosso produto para vendê-lo melhor”, disse. Nesse ponto, ela explica, a OMT tem um papel fundamental de auxílio aos destinos turísticos.
“A OMT é uma grande biblioteca com todo tipo de informação e isso dá suporte às universidades”, conta. Fernanda afirmou que as universidades brasileiras precisam ser mais participativas e os municípios precisam cobrar essa interação.
“As universidades precisam sair do conforto de suas torres de marfim e olhar para o mercado”, argumentou. Fernanda ainda destacou a importância do pilar econômico para viabilizar o turismo sustentável. “Todos os destinos têm que fazer um estudo de impacto na economia. Ninguém vai falar com a gente se não souber como impactamos na economia”, falou.
Fonte:Correio da Bahia/Perla Ribeiro
Das três commodities básicas para a alimentação humana e animal, o milho é a que desceu ao degrau mais profundo. No mês passado, seus papéis recuaram 6,23% em relação a agosto, registraram retrações de 20,43% na comparação com a média de dezembro e de 25,83% sobre setembro de 2013 e bateram no menor patamar desde setembro de 2009.
No mercado de soja, a baixa de 8,3% em setembro na comparação com agosto derrubou a média mensal da segunda posição em Chicago a um nível que não se via desde junho de 2010, com quedas de 25,82% e de 27,42% em relação a dezembro e a setembro do ano passado, respectivamente.
Nos dois casos, o debacle tem provocado grande preocupação entre produtores brasileiros. O Brasil é o maior país exportador de soja do planeta e ganhou espaço nos embarques globais de milho nos últimos anos. A soja lidera os embarques do agronegócio brasileiro e é um dos principais produtos da pauta nacional em geral.
Como já informou o Valor, em virtude desse tombo das cotações as exportações de soja em grão e seus principais derivados (farelo e óleo) deverão cair cerca de US$ 6 bilhões em 2015, para US$ 23,7 bilhões, conforme a Abiove, associação que reúne indústrias de óleos vegetais instaladas no país.
Ainda que a alta do dólar em relação a outras moedas compense parte do golpe, sojicultores de diversas regiões do Brasil repetem que terão margens negativas neste ciclo 2014/15, cujo plantio teve início em meados de setembro. Assim, para a balança comercial, para economias regionais e para o Produto Interno Bruto (PIB) como um todo, os reflexos tendem a ser negativos.
Em contrapartida, para a atividade de processamento em si e especialmente para frigoríficos de aves e suínos (que têm encontrado demandas aquecidas e bons preços nos mercados interno e externo), o movimento colabora para ampliar as margens. Para os índices inflacionários em geral, também é sinal de refresco.
Alento também para a inflação e para indústrias de massas, pães e bolos - ainda que problema para os produtores brasileiros, que estão colhendo a maior safra da história -, a queda do trigo (9,03% sobre agosto, para a menor média desde junho de 2010) não prejudica a balança comercial, ao contrário. Mesmo com produção recorde, o país é grande importador.
As oscilações das cotações do algodão têm reagido a fundamentos semelhantes aos dos grãos. E como a oferta mundial está igualmente mais confortável, o valor médio dos futuros de segunda posição de entrega negociados na bolsa de Nova York permaneceu em setembro, após leve queda de 0,75% sobre agosto, em seu piso desde setembro de 2009.
A mesma valorização do dólar que maximizou a baixa dos preços dos grãos, mas que serve de alento aos exportadores, influenciou a baixa das demais "soft commodities" de destaque negociadas em Nova York no mês de setembro.
A maior foi a do açúcar. Ainda que projeções indiquem que haverá déficit do produto na atual safra internacional (2014/15), a aceleração da moagem de cana no Brasil, por conta do clima seco na região Centro-Sul, também ajudou a manter o mercado pressionado.
Em setembro, o valor médio dos contratos de segunda posição de entrega da commodity, o menor desde janeiro deste ano, foi 6,62% menor que a de agosto. Na comparação com setembro de 2013, a retração chega a 6,1%
A média do cacau também recuou sobre o mês anterior (1,69%), mesmo com as incertezas do lado da oferta provocadas pela disseminação do vírus ebola na África, nas vizinhanças de importantes países produtores como Costa do Marfim e Gana. Apesar disso, na comparação com setembro do ano passado a valorização ainda foi de 22,17%.
No caso do café, os problemas provocados pela seca no Centro-Sul brasileiro também não foram suficientes para evitar uma baixa de 0,92% na cotação média de seus contratos de segunda posição em relação ao mês anterior. Mas a valorização sobre a média mensal de um ano atrás ainda atinge 61,02%, a maior na comparação entre os produtos que fazem parte deste levantamento.
Os preços do suco de laranja, finalmente, continuaram variando conforme o "combate" entre uma oferta mais restrita de laranja na Flórida e em São Paulo e a fraqueza do consumo da bebida no grande varejo americano. O início da temporada de furacões nos EUA chegou a dar suporte aos preços, mas, sem causar danos, abriu espaço para uma pequena baixa de 0,73% em setembro na comparação com agosto. Sobre setembro de 2013, ainda há valorização de 10,39%.
Fonte: Valor Econômico/Fernanda Pressinott, Fernando Lopes e Camila Souza Ramos | De São Paulo