quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Portos são subaproveitados, diz especialista.

O Brasil está com a pior infraestrutura dos últimos 40 anos e o Ceará apresenta condições favoráveis para ser o estado logístico do País. A constatação é do diretor executivo de Desenvolvimento e Pós-graduação da Fundação Dom Cabral, Paulo Resende. Especialista em logística, ele compõe a lista de palestrantes da 33ª Convenção do Atacadista e Distribuidor (Abad), evento que acontece no Centro de Eventos do Ceará, em Fortaleza. Para Paulo Resende, da Fundação Dom Cabral, o Ceará tem capacidade para movimentar, em grande escala, produtos de outras regiões. Apesar de o Estado ser localizado numa posição estratégica em relação a outras regiões brasileiras e a países europeus e africanos, por exemplo, Resende considera que as potencialidades locais não são bem aproveitadas e nem observadas como deveriam por gestores públicos e pela indústria. "Além do Nordeste, o Ceará tem capacidade para movimentar, em grande escala, produtos das outras regiões, podendo ser uma porta logística para o Norte, Sul e Sudeste. Tem porto, aeroportos, ferrovia, estradas rodoviárias e está próximo à grande fronteira agrícola do País", declara. Para ele, o governo federal, sobretudo, deveria investir mais nessa capacidade industrial cearense, redirecionando corredores logísticos que cortam o Estado. Outra medida necessária, segundo Resende, seria um estudo de toda a produção nacional para identificar quais mercadorias poderiam sair e entrar pelo Porto do Pecém, "equipamento que, do ponto de vista estratégico, está sendo subutilizado", afirma. O especialista também cita a possibilidade de o Aeroporto Pinto Martins, localizado em Fortaleza, ser ponto de escala em rotas internacional. "O aeroporto poderia receber várias escalas. A grande maioria dos passageiros que desembarcam em Guarulhos (SP) ou no Galeão (RJ), por exemplo, vai para outros estados. Por que o Pinto Martins não pode ser uma rota internacional?", questiona. Ainda em relação ao transporte aéreo, Resende destaca que o número de aeroportos industriais no Brasil ainda é pequeno.

Prejuízos
Os problemas de infraestrutura logística também afetam os consumidores. Conforme Paulo Resende, existe 1,6 milhão de quilômetros de rodovias no País. Do total, menos de 12% são pavimentados, o que gera custos adicionais à cadeia produtiva local. Por isso, as mercadorias ficam mais caras e as exportações são prejudicadas. "No mercado exterior, os produtos nacionais são cerca de 50% mais caros que os dos Estados Unidos", ilustra, lembrando que o consumidor brasileiro, principalmente o nordestino, também paga mais pelas mercadorias na venda. "Em relação ao Sul e Sudeste, os custos logísticos deixam os preços 2,5% mais elevados", explica. Ceará tem mais pontos de venda no NE Tendo apresentado sucessivas altas ao longo dos últimos anos, o segmento atacadista distribuidor do Brasil, que em 2013 espera um crescimento real de 3,5%, vê no Ceará uma vantagem em relação aos outros estados nordestinos: o número de pontos de venda. Conforme o gerente de marketing corporativo da Asa Indústria, Wagner Mendes, o território cearense possui mais de 42 mil pontos de varejo. "É o maior número do Nordeste", afirma. Ainda segundo Mendes, o grande número de varejistas no Estado proporciona um maior desenvolvimento dos atacadistas, tendo em vista que o segmento é o principal elo entre a indústria e o mercado de consumo. "Essa concentração torna o estado bastante atrativo para as empresas. No caso da nossa empresa, o Ceará já representa 8% do faturamento. Um índice bastante significativo", afirma o gerente da Asa, que produz grandes marcas como Vitamilho, Palmeiron, Bem-te-vi e Invicto. Com stand montado na Abad 2013, a Asa Indústria espera ter fechado R$ 10 milhões em negócios ao fim da convenção. Segundo ele, isso representaria um acréscimo de 2,5% no faturamento da empresa. "A maioria das pessoas que visitam o nosso stand já querem fechar negócio, pois costumam ter o poder de decisão. Isso mostra o quando o evento é importante para definirmos algumas vendas até o fim do ano", explica Mendes.

Diversidade
Outra grande empresa que elogiou o elevado número de pontos de venda do Estado foi a Hypermarcas, maior empresa de produtos de marcas de saúde e bem-estar do país, que detém marcas como Cenoura & Bronze, Monange, fraldas Sapeca, Zero Cal e Jontex. Para o presidente da divisão de consumo da empresa, Nicolas Fisher, o que também chama atenção no Ceará é a diversidade do varejo."Tive a oportunidade de visitar alguns varejistas e fiquei impressionado com as diversas opções que os cearenses possuem em um mesmo local. Há grandes supermercados e farmácias, assim como mercadinhos de bairro e drogaria menores. Muito bem servido", diz Fisher. "Essa qualidade de mercado acaba fazendo com que muitos distribuidores atuem apenas no Ceará e não em vários estados, como costuma acontecer no Nordeste", complementa. O stand Hypermarcas conta com novidades para o segundo semestre de 2013, entre elas as inovações da marca Monange e Cenoura & Bronze, que vai apresentar novos produtos e reestruturação em suas embalagens. A marca Finn vai lançar sua versão stévia para os consumidores que se preocupam com a saúde. "Conseguimos reunir todas as nossa marcas, mas como temos 1,2 mil produtos, não tivemos como trazer todos", brinca Fisher. A empresa também está lançando na Abad a nova linha de produtos flavorizados dos preservativos Jontex, com aromas e sabores exclusivos.

Fonte: Diário do Nordeste (CE)

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