terça-feira, 31 de maio de 2016

COM CRISE, ARCELORMITTAL OCUPA 70% DA USINA DE TUBARÃO COM EXPORTAÇÃO.



Na contramão da média de ocupação da capacidade de siderúrgicas brasileiras - em torno de 60% -, a ArcelorMittal Tubarão vem operando quase à plena utilização de sua usina em Serra (ES). A empresa, subsidiária de aços planos do grupo ArcelorMittal, aproveita a boa maré de exportação de produtos, favorecida em parte por câmbio, por recuperação dos preços internacionais e por novos clientes e mercados.

Tubarão está embarcando tanto placas, um produto semi-acabado, quanto bobinas laminadas a quente. Em relação às bobinas, a empresa busca compensar a retração da demanda no mercado brasileiro de aço. No primeiro trimestre, as vendas locais de aço do grupo sofreram decréscimo de 14%, conforme seus balanço.

"Estamos operando em Tubarão ao nível de produção de 7 milhões de toneladas de aço bruto [placas]", disse Benjamin Baptista Filho, presidente da empresa e responsável por Aços Planos da ArcelorMittal na América do Sul.

A fabricante tem capacidade de fazer 7,5 milhões de toneladas de placas ao ano. Desse volume, dispõe de instalação para beneficiar, em bobinas à quente, 4 milhões de toneladas, cujo principal mercado de destino, em teoria, é o brasileiro. Uma pequena parte era para clientes latinos-americanos, que com a crise ganharam peso nos embarques da empresa.

Tubarão, informou Baptista Filho, exporta praticamente toda a produção excedente de placas (que supera 3 milhões de toneladas) e o correspondente à metade - 1,5 milhão de toneladas - da produção de chapas laminadas em bobinas. "Estamos destinando quase 70% do volume produzido para exportação, principalmente em razão da melhora dos preços internacionais", afirmou.

Do fim de 2015 até algumas semanas atrás, as bobinas a quente chegaram a ter alta US$ 200 a tonelada no mercado chinês, impulsionando os preços do aço no mercado global. Nos Estados Unidos, o produto superou fácil a marca de US$ 500. "O mercado americano está bom, com a economia crescendo", disse Baptista.

Segundo o executivo, as margens de ganho das siderúrgicas no Brasil antes dos aumentos de preços estavam "um desastre", gerando prejuízos para as empresas. A recuperação dos preços no exterior levaram as fabricantes locais a elevar preços, com reajustes de 10 a 12% em abril e maio e outro igual previsto para junho.

"Hoje temos o aço para a indústria automotiva mais barato do mundo", diz Baptista. Por meio da unidade Vega, em São Francisco do Sul (SC), a empresa vende laminados a frio e galvanizados para montadoras, fabricantes de linha branca e construção civil.

As vendas de placas de Tubarão ganharam velocidade a partir de julho de 2014 ao ganhar contrato do próprio grupo para suprir parte da necessidade de aço da laminadora americana de Calvert, no Alabama. A unidade foi adquirida da ThyssenKrupp por um consórcio entre ArcelorMittal e Nippon Steel & Sumitomo. Com isso, a empresa reativou um alto-forno que estava desligado fazia muito tempo e já embarca para Calvert cerca de 1 milhão de toneladas de placas.

O mercado de aço no país caiu 35% nos últimos três anos, diz o executivo. "Tem de haver crescimento da economia do país para puxar o consumo", Segundo ele, o novo governo trouxe animação para o empresariado. "Com mais de dois terços de apoio do Congresso, o presidente Temer poderá aprovar e fazer coisas". Na posição-chave, diz, conta com a competência de Henrique Meirelles [ministro da Fazenda]. "Já sentimos uma mudança de expectativa, ao gerar credibilidade e confiança aos agentes econômicos", afirma.

Fonte: Valor Economico/Ivo Ribeiro | De São Paulo

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