terça-feira, 19 de julho de 2016

FERTILIZANTES TOCANTINS JÁ PREPARA EXPANSÃO NO PAÍS.

Recém-adquirida pelo grupo suíço EuroChem, a Fertilizantes Tocantins, misturadora e distribuidora de fertilizantes com forte atuação no Norte e Nordeste do país, está preparando um projeto de expansão nacional, que deve absorver investimentos estimados em R$ 300 milhões num horizonte de 18 meses. No radar, estão aportes em logística e novas unidades de mistura, inicialmente em Mato Grosso e Goiás, disse ao Valor José Eduardo Motta, fundador da Fertilizantes Tocantins.

Conforme o executivo, que foi mantido como CEO, a Fertilizantes Tocantins foi bastante "assediada" nos últimos dois anos por potenciais compradores, mas resistiu. "Ocorre que em setembro do ano passado, quando inauguramos nossa quarta unidade [em Barcarena (PA)], percebemos que tínhamos chegado ao limite da nossa capacidade de expansão sem a aliança com um sócio".

As conversas com a EuroChem levaram quase um ano, e a negociação foi fechada na semana passada. Pelo acordo, a companhia suíça ficará com 50% e mais uma ação. O valor da transação não foi revelado e ainda depende da aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Se houver o sinal verde das autoridades reguladoras, será o primeiro investimento da EuroChem no país, que no ano passado faturou US$ 4,5 bilhões. "Precisávamos do aporte e do suporte de um player como a EuroChem, senão não faríamos frente a um mercado tão consolidado", afirmou Motta.

A Fertilizantes Tocantins teve uma arrancada ligeira: fundada em Porto Nacional (TO), em 2003, investiu ao redor de R$ 200 milhões nos últimos cinco anos. Com negócios concentrados no "Matopiba" (confluência entre Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), faturou R$ 1 bilhão em 2015. A perspectiva da empresa é de um patamar semelhante este ano, porque apesar da queda nos preços internacionais dos adubos, a tendência é de aumento nos volumes vendidos, conforme o CEO.

Diferentemente de alguns rivais no país, a Fertilizantes Tocantins escapou dos problemas mais graves de inadimplência no setor na atual safra. "Nosso perfil é de pouco financiamento ao agricultor. Basicamente fornecemos às tradings e diretamente não temos exposição ao risco", explicou Motta. A empresa tem parcerias com revendas, mas também atende diretamente o agricultor, com uma carteira de mais de 2 mil clientes.

Além de Barcarena e Porto Nacional, a companhia tem outras duas fábricas, em São Luis (MA) e Querência (MT), com uma distribuição conjunta que somou 740 mil toneladas em 2015. Para 2016, a previsão é avançar a 900 mil toneladas. Porém, a capacidade total de produção é de dois milhões de toneladas, por isso ainda há muito a avançar nas unidades já instaladas. Em Barcarena, por exemplo, onde está a planta mais nova, a empresa está operando com 200 mil toneladas, mas pode chegar a 600 mil. "E com as duas novas que planejamos, provavelmente em Mato Grosso e Goiás, nossa capacidade deve subir para três milhões de toneladas no curto prazo", diz Motta.

A expectativa da companhia é trazer ao Brasil uma linha de "fertilizantes diferenciados, de alta qualidade" que a EuroChem já trabalha em mercados como Europa e EUA. A empresa suíça é forte em ureia e MAP (fosfato monoamônico), e deve iniciar sua produção de cloreto de potássio em 2018/19, a partir de dois projetos na Rússia. Na frente de logística, Motta adiantou que o foco é na área portuária, mas evitou dar detalhes, uma vez que "estão analisando as possibilidades e não há nada de concreto".

Fonte: Valor Economico/Mariana Caetano | De São Paulo

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