sexta-feira, 15 de abril de 2016

EXPORTAÇÃO CHINESA VOLTA A SUBIR, MAS DADO É VISTO COM CAUTELA.

As exportações chinesas cresceram em março pela primeira vez em nove meses, estimulando ligeiramente uma economia que luta para reconquistar seu ímpeto.

Economistas alertaram, porém, que o aumento das exportações, após meses de queda, reflete em parte uma retomada sazonal após o feriado do Ano Novo Lunar, em fevereiro, e não deverá se sustentar em razão da morna demanda global. As exportações de março também se beneficiaram do fraco desempenho no mesmo mês do ano passado, o que fez o resultado comparativo parecer melhor.

Em dólares, as exportações aumentaram 11,5% em março, em relação ao mesmo mês de 2015, segundo informou ontem a Administração Geral da Alfândega, após queda de 25,4% em fevereiro. O dado supera o crescimento médio previsto por 14 economistas consultados pelo "The Wall Street Journal", que era de 8,5%. Em março, as importações caíram 7,6% (menos que o esperado), após queda de 13,8% de fevereiro. E o superávit comercial da China encolheu de US$ 32,5 bilhões em fevereiro para US$ 29,86 bilhões em março.

"Mesmo com essa reação, o quadro comercial do primeiro trimestre continua bem fraco", disse ontem Shuang Ding, economista do Standard Chartered Bank. "Não devemos ficar muito certos de uma recuperação."

O desempenho comercial de março ocorre num momento de fraqueza mundial. Na terça-feira, o Fundo Monetário Internacional (FMI) reduziu sua perspectiva de crescimento da economia mundial neste ano, de 3,4% para 3,2%. Um dia antes, o Banco Mundial havia cortado a sua previsão de 2,9% para 2,5%, em meio a preocupações com o aumento das taxas de juros nos Estados Unidos e uma ampla desaceleração econômica nos mercados emergentes.

Os exportadores, que antes eram o motor da economia chinesa, enfrentam obstáculos crescentes, com a queda de 2,8% das vendas ao exterior em 2015, após um crescimento médio de 7,5% entre 2012 e 2014. Uma pesquisa do Ministério do Comércio divulgada no mês passado citou como maiores preocupações as flutuações cambiais, a fraca demanda global, problemas de financiamento e a alta dos custos. O salário médio de um operário nas Províncias costeiras da China chega hoje a US$ 600 mensais, o dobro do nível verificado em alguns países do Sudeste Asiático, segundo disse a agência.

O crescimento econômico da China diminuiu para 6,9% em 2015, o pior desempenho em 25 anos. Apesar de alguns sinais de que os gastos do governo e o alívio da política de crédito estão ganhando força no estímulo à economia, o crescimento no primeiro trimestre deverá cair para 6,7%, quando os resultados forem anunciados amanhã. Pelo menos é o que diz a mediana das previsões de 14 economistas consultados pelo "The Wall Street Journal".

O premiê Li Keqiang disse a governadores de Províncias, em uma reunião na segunda-feira, que a economia ainda enfrenta dificuldades e precisa reduzir o excesso de capacidade industrial e diminuir a burocracia para ajudar a estabilizar o crescimento, apesar de alguns sinais recentes positivos.

A volatilidade do câmbio vem prejudicando os exportadores, embora o valor do yuan tenha se mantido estável nas últimas semanas, depois de perder valor na maior parte do ano passado e no começo de 2016, na esteira das saídas recorde de capital.

Um aperto dos controles de capital vem conseguindo conter, em parte, a saída de divisas, mas a transferência de dinheiro para fora do país ainda preocupa. Economistas apontam para discrepâncias de dados entre as importações da China de Hong Kong, e as exportações de Hong Kong para a China - que em tese deveriam ser mais ou menos equivalentes - como sinal de que algumas empresas estão inflando suas vendas para transferir dinheiro para fora.

As importações vindas de Hong Kong cresceram 116% em março, em relação ao mesmo mês de 2015. Para economistas, isso é um sinal de que a tendência vem se mantendo, após uma alta de 89% no período combinado de janeiro e fevereiro. Isso ocorre ao mesmo tempo em que as importações totais da China continuam caindo.

Fonte: Valor Econômico/Mark Magnier | Dow Jones Newswires, de Pequim

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