quinta-feira, 31 de março de 2016

PORTOS DE SUAPE E PECÉM NA DISPUTA PARA SER HUB REGIONAL.

Os portos de Suape, em Pernambuco, e de Pecém, no Ceará, são os principais candidatos a condição de hub port - concentrador de cargas - do Nordeste, uma posição que será definida pelo mercado, com a conquista das operações de embarque e desembarque de cargas de linhas regulares de armadores internacionais. Os dois portos possuem planos de investimentos avançados, que irão gerar mais competitividade nessa disputa.
Suape, porém, larga na frente, uma vez que é o porto da região que concentra a maior movimentação de contêineres, sendo responsável por 5% do total nacional, segundo dados da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq).
O porto pernambucano também lidera o ranking de navegação por cabotagem, movimentando 13,3 milhões de toneladas de carga bruta entre os portos nacionais em 2015.
Fernando Serra, gerente de estatística e avaliação de desempenho da Antaq e estudioso do assunto, diz que pela extensão de seu litoral, o Brasil comporta dois polos concentradores, um para o Norte/Nordeste e outro para o Sul/Sudeste, cada um interligado com uma rede intermodal para o recebimento e distribuição de cargas.
Os portos do Norte, na análise de Serra, possuem uma forte tendência de ser movimentadores de granéis agrícolas e minerais. Suape ou Pecém, por sua vez, são concentradores de contêineres. "Nenhum dos dois, por ora, apresenta a performance esperada de um hub port", diz.
Segundo Serra, os portos de Suape e Pecém apresentam a condição básica necessária para hub ports, que é uma profundidade de calado acima de 14 metros, necessária para receber navios que transportam mais de 10 mil TEUs (contêineres de 20 pés).
Os dois também possuem boa localização geoeconômica e proximidade do Canal do Panamá. Pecam, porém, em relação à produtividade na movimentação de cargas, que conta com sistemas ainda pouco automatizados.
Os dois portos também precisam se consolidar como destinos de linhas internacionais de navegação.
Thiago Norões, secretário de desenvolvimento econômico de Pernambuco e presidente do Complexo Suape, diz que mantém conversas constantes com armadores internacionais no intuito de atrair para Suape o desembarque de cargas que se destinam ao Nordeste. Hoje essa carga segue até Rio de Janeiro e Santos, onde é desembarcada e encaminhada, muitas vezes por terra, para os demais Estados do país. "É improdutivo, aumenta os custos e os armadores e operadores logísticos estão bastante receptivos a propostas alternativas", diz.
Suape, na opinião de Norões, é candidato natural ao posto de hub port por três motivos principais. O primeiro é que Pernambuco se consolidou nos últimos anos como um diversificado polo produtivo, reunindo indústrias de alimentos, bebidas, higiene e limpeza, materiais de construção, automóveis, navios, energia eólica, petroquímica e de refino de petróleo, com a Refinaria Abreu e Lima. "Suape já é o concentrador de cargas combustíveis do Nordeste", diz.
O porto pernambucano se situa no centro geográfico do Nordeste, a 800 quilômetros de sete das nove capitais da região e de 12 aeroportos, sendo seis internacionais. O porto, segundo afirma o secretário, é atendido por uma boa infraestrutura logística terrestre, por meio das rodovias BR-101 e BR-232, e no futuro, também estará conectado à nova ferrovia Transnordestina - obra prevista no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), mas sem data para conclusão.
A terceira vantagem competitiva de Suape, na avaliação de Norões, é a qualidade da infraestrutura portuária.
Suape é um porto abrigado, com águas calmas e profundidade superior a 15,5 metros, o que permite operação ininterrupta independente de condições climáticas e restrições de marés. "O porto pernambucano já foi escolhido mais de uma vez o melhor porto brasileiro em pesquisas realizadas com usuários", afirma Norões. Em 2015, Suape movimentou 19,72 milhões de toneladas de cargas, 29,5% a mais do que no ano anterior, o maior crescimento entre os principais portos públicos do país.
O plano de expansão de Suape prevê a instalação de um segundo terminal de contêineres (Tecon II), ação que está prevista no Programa de Investimento Logístico (PIL) do governo federal. A previsão da Secretaria Especial de Portos é que a licitação deste terminal ocorra no segundo semestre do ano.
O investimento estimado é de R$ 1,2 bilhão. No primeiro ano de operação, a previsão é que o novo terminal movimente 365 mil TEUs, chegando a 910 mil TEUs por ano até o final do período de arrendamento, que é de 25 anos. Também estão previstos no PIL, mas sem previsão de licitação, um terminal de trigo com capacidade para 5,2 milhões de toneladas ano, e um novo terminal de granel sólido, para 17 milhões de toneladas por ano. No momento, um novo terminal de açúcar com capacidade para 740 mil toneladas anuais está sendo construído em Suape, com conclusão prevista para o segundo semestre do ano.
O investimento de R$ 130 milhões é da Odebrecht TransPort e Agrovia.
Fonte: Valor Econômico/Domingos Zaparolli | Para o Valor, de São Paulo

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