quarta-feira, 3 de maio de 2017

Gargalos à vista no escoamento de açúcar para exportação.



Usinas e tradings de açúcar estão preocupadas com possíveis gargalos no escoamento da oferta da produção da safra atual para o exterior nos próximos meses. Esse receio não é fruto do tamanho da produção esperada pelas usinas, que não deve ser muito diferente da registrada última safra, mas da concorrência com a enxurrada de grãos atualmente represada pelos agricultores em virtude dos baixos presos.

Além de os produtores de soja estarem segurando a comercialização de soja por causa do mercado adversos, em cerca de um mês começa a ser colhida uma volumosa safrinha de milho, boa parte destinada à exportação.

No ano passado, apesar da produção recorde de 35,6 milhões de toneladas de açúcar no Centro-Sul, não houve gargalos, em parte graças à quebra da safrinha de milho.

Como o ritmo da produção de açúcar está mais lento neste ano, uma vez que as usinas estão demorando mais para processar cana do que no último ciclo, é possível que o período crítico para o escoamento comece no fim de maio ou em junho, avalia Henrique Akamine, gerente de análise de mercado da trading Czarnikow.

Mas isso também vai depender de quando os produtores de grãos vão acelerar a comercialização de seus produtos. “Quanto mais demorar para exportar soja, maior a possibilidade do escoamento encavalar com o da safra de açúcar”, afirma Akamine.

Nesse contexto, a expectativa é de aumento no custo com caminhões para transportar açúcar. Danilo Caprara, trader da Olam International, acredita que as usinas podem ter que pagar mais pelo frete, mas diz que esse será um problema “pontual, no pico da safra”. Segundo Akamine, da Czarnikow, por enquanto os preços do frete de açúcar não subiram de forma expressiva “porque a safra ainda não começou a ser escoada fortemente”.

Já há quem esteja se precavendo contra eventuais gargalos. A Usina Alta Mogiana, por exemplo, decidiu antecipar em um mês a contratação das transportadoras que levarão seu açúcar até os portos. Mas o valor do frete já foi um pouco superior ao ano passado, diz Luiz Gustavo Junqueira Figueiredo, diretor comercial da companhia.

Trader da Sucden, Eduardo Sia não descarta possíveis congestionamentos de caminhões na chegada nos portos, o que pode gerar custo com estadia dos veículos. Ele pondera que a demanda por açúcar costuma “vir bem distribuída”, o que ajuda a não congestionar os portos.

Na última semana, houve um forte aumento da fila de navios que esperam para carregar açúcar nos portos, mas a quantidade é considerada dentro do normal. Na quarta-feira passada, havia 42 navios na fila, oito a mais do que uma semana antes, conforme a agência marítima Williams Brazil.

A capacidade dos portos não preocupam, até porque, neste ano, o mercado de açúcar ganhou uma nova via portuária. A VLI vai inaugurar na sexta-feira sua nova estrutura no porto de Santos, que inclui um berço de atracação de navios com capacidade para embarcar 4,5 milhões de toneladas de açúcar por ano.

Fonte: Valor

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