quarta-feira, 16 de setembro de 2015

PACOTE DE MEDIDAS É 'ENROLAÇÃO', DIZ PRESIDENTE DA ABIMAQ.

RIO  - O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Carlos Pastoriza, criticou as mudanças no Reintegra inseridas pelo governo no pacote de  ajuste anunciado ontem. Para ele, as medidas são uma “enrolação” que empurra para frente os problemas.

“A diminuição ou praticamente a extinção do Reintegra vai prejudicar o emprego local, a produção local e, no limite, a própria arrecadação”, disse Pastoriza, para quem o governo está fazendo o ajuste da maneira mais recessiva possível. “É pedalada. É empurrar com a barriga. 95% do pacote é aumento de  imposto”, completou.

O presidente da Abimaq não acredita que o governo alcançará os resultados esperados. Ele citou as medidas anunciadas no começo do ano e lembrou que elas também já não haviam sido cumpridas. “Estamos em uma espiral para o  fundo esse ano”, disse.

Produtividade

Pastoriza afirmou também que o Brasil precisará investir se quiser enfrentar a questão da baixa produtividade. Alertou, porém, que o empresário não investirá com a atual taxa de juros, que chamou de “pornográfica”. “Vamos ter que atacar a questão do investimento e, para isso, precisamos atacar os juros. O empresário tem que ser um idiota para perder 14% sem risco”, afirmou, acrescentando que o sistema financeiro é “destorcido”. “Há uma hipertrofia do setor financeiro em relação aos demais. Vamos ter que atacar isso”.

Para ele, não se pode responsabilizar o trabalhador brasileiro pela baixa produtividade. Segundo ele, o fator humano representa 25% da produtividade de uma fábrica e esse fator está caindo, enquanto 60% tem a ver exclusivamente com o capital físico e 30% do estoque de maquinário do Brasil tem mais de 25 anos.

“É um lixo. Só um desavisado acha que a produtividade brasileira é [baixa] porque o trabalhador brasileiro trabalha pouco. Por mais motivado e treinado que esteja, o estoque de capital físico de baixa qualidade derruba a produtividade. Se não modernizar o parque fabril, não há como melhorar a produtividade”, disse Pastoriza, que participou do Fórum Nacional, no Rio de Janeiro, promovido pelo Instituto Nacional de Altos Estudos (Inae).

(Fonte: Valor Econômico/Renata Batista)

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