segunda-feira, 17 de agosto de 2015

PREÇO DO PETRÓLEO É O MENOR EM SEIS ANOS POR EXCESSO DE PRODUÇÃO

O preço do petróleo caiu para o menor valor em seis anos, depois que um aumento da produção e sinais de que a economia chinesa está esfriando fez crescer a preocupação com aumento ainda maior dos excedentes. Os valores dos contratos futuros do petróleo West Texas Intermediate (WTI) caíram 2,5% diante da deterioração das perspectivas de crescimento chinês e da produção em julho, a maior em três anos da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep). O acordo nuclear do Irã com as potências mundiais, no mês passado, alimentou especulações de que o país vai bombear mais petróleo, o que aumentará o excedente de oferta.

Os preços do petróleo entraram em tendência declinante, em julho, e os maiores produtores estão se preparando para uma recessão prolongada. A oferta de petróleo nos EUA ficou quase 100 milhões de barris acima da média sazonal de cinco anos, pois a produção tem demorado a cair, mesmo com a queda superior a 50% nos preços.

"É muito difícil manter otimismo quanto ao petróleo", disse Stephen Schork, presidente da Schork Group Inc, em Villanova, Pensilvânia, por telefone. "Depois que os preços romperem o piso visto durante seis anos, os traders vão começar a brigar por US$ 39".

O petróleo tipo WTI para entrega em setembro caiu 2,5%, fechando a US$ 42,98 o barril Nova York. Durante o dia, o WTI chegou a US$ 41,91, menor valor desde março de 2009. Os preços acumulam queda de 21% neste ano. Os contratos envolvendo o petróleo tipo Brent para liquidação em setembro, que expiram hoje, caíram 0,9%, terminando a US$ 49,63 o barril em Londres. O petróleo de referência europeu fechou a um prêmio de US$ 6,99 em relação ao WTI, o maior desde 15 de maio.

A desvalorização do yuan nesta semana puxou os preços do petróleo e de metais para baixo, em meio a especulações de que uma moeda chinesa mais fraca prejudicará a demanda, por tornar as importações para a China mais caras, em dólares. O Bloomberg Commodity Index, que engloba 22 matérias-primas, caiu 0,4%.

O Goldman Sachs estima que o excedente de oferta mundial de petróleo bruto é de 2 milhões de barris por dia (b/d) e que no outono (no Hemisfério Norte) as unidades de armazenamento poderão estar repletas, forçando o mercado a se ajustar, disseram analistas em um relatório datado de 6 de agosto.

"O mercado petrolífero permanecerá sob muita pressão durante os próximos dois ou três meses", disse por telefone Bill O'Grady, estrategista-chefe de mercado na Confluence Investment Management, em St Louis, que administra US$ 3,4 bilhões. "Não vejo como isso possa ter fim antes que a demanda sazonal cresça".

Cerca de 170 milhões de barris de petróleo e combustível foram adicionados aos tanques de armazenamento e 50 milhões foram estocados em armazenamento flutuante em todo o mundo desde janeiro, de acordo com o relatório do Goldman.

O excedente mundial de petróleo perdurará até 2016, disse a Agência Internacional de Energia (AIE) em um relatório na quarta-feira. Os estoques recordes vão crescer, mesmo com o consumo duas vezes maior em 2015 e uma contração da oferta de fora da Opep no próximo ano, pela primeira vez desde 2008, prevê a AIE. Os estoques não diminuirão antes do quarto trimestre do ano que vem, ou ainda mais tarde, se forem suspensas as sanções à comercialização do petróleo iraniano, disse.

A inesperada paralisação da operação de unidades de refinarias em Nova Jersey e Indiana criou a perspectiva de menor oferta de combustíveis em Nova York e Chicago e menor demanda por petróleo nas próximas semanas. O volume de insumos para a produção de destilados de petróleo permaneceu em um recorde de 17,3 milhões de barris por dia nas duas semanas findas em 7 de agosto, de acordo com a Administração de Informação de Energia. As refinarias reduziram suas taxas operacionais no mês de setembro em nove dos últimos 10 anos.

"As recentes perturbações nas operações de refinarias reduzem um pouco do consumo de petróleo e também evidenciam a próxima queda sazonal", disse Tim Evans, analista de energia na Citi Futures Perspective, em Nova York. "O processamento de mais de 17 milhões de b/d vai cair para entre 15,6 e 15,8 milhões de b/d até o fim de outubro devido a paradas programadas para manutenção. A ampliação do prêmio do WTI em relação ao Brent faz sentido."

Fonte: Valor Econômico/Mark Shenk | Bloomberg, de Nova York

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